Muito além do clichê das Comédias-Românticas

"Eu estava sentada no sofá, comendo meus biscoitos de sequilho com água, porque não tinha graça comê-los tomando leite, não para mim. Na TV, passava um filme desses que fazem a gente chorar e desejar um amor perfeito, um final feliz. Não sei se sou a única, mas frequentemente me pergunto o que poderia acontecer depois do "Felizes Para Sempre" destes filmes. O casal sai da praia deserta de mãos dadas, jurando amor eterno. A moça chora, de alegria e euforia, o rapaz sorri com os dentes brancos de Hollywood, uma música bonita toca e pessoas como eu choram incontrolavelmente, sentadas no sofá, comendo biscoitos e sempre, ainda que sem querer, lembrando de alguém ou alguma circunstancia. Mas e depois? O casal do filme irá morar em uma casa enorme, ter filhos lindos, vários cachorros e uma vida plenamente feliz para sempre? Isso não é real, não seria justo.
A gente insiste em um conto de fadas porque nunca pensa no que pode acontecer depois do final feliz. Porque o incrível da vida é viver assim, conturbadamente. Tempos de paz, tempos loucos. Juntos, separados. E o final feliz são dois velhinhos de mãos dadas, olhando os netos brincarem no jardim. Olhando os filhos crescidos, sorrindo e os ajudando a subir as escadas por conta da idade avançada. Tudo isso depois de viverem anos e anos um amor louco. Darem mil beijos, tapas, brigarem e pensarem em se separar inúmeras vezes, mas se lembrarem sempre que o amor os uniu e isso nada desfaz. O final feliz é um adeus cheio de lágrimas mas a certeza de que valeu a pena e é hora de seguir em frente. Final feliz é deixar ir quem não serve mais, ou quem nunca vai servir na gente. Sabe aquele vestido que você ama, mas nunca fica bom em você, ainda assim você tem certeza que ficaria perfeito em outra pessoa? O seu final feliz será doá-lo para alguém que vá usar. Você e o tal vestido agradecem.
O começo feliz pode ser a praia, o rapaz, a moça emocionada, os filhos bonitos, os cachorros correndo pela casa. O começo. O início de uma vida cheia de coisas boas e ruins. Cheio de beijos intensos e noites que começam na cozinha e terminam em qualquer cômodo da casa. Mas também noites em que você corre para a casa da sua mãe jurando nunca mais vê-lo e se arrependendo amargamente por tê-lo deixado entrar na sua vida.
O final é a hora que o amor acaba. Ou a vida que acaba. Ou a gente se acaba. Ou simplesmente quando tem que acabar. E ser feliz é assim. Não pular etapas, não se enganar. É viver com começo, meio e fim."


Pessoal, eu sou a Deborah. A Ysa me chamou para colaborar com o blog e postar meus textos. Sempre gostei de escrever, acho que a minha primeira lembrança de algo que escrevi foi aos 9 anos, dali em diante eu não parei mais. Quando tiver algo que eu sinta que preciso compartilhar, postarei aqui. Talvez não tenha tanto a ver com o foco do blog, mas espero tocar o coração de vocês de alguma forma.


Beijinhos






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